PLANTA BAIXA SÓ EXISTE UMA!

Há muito tempo insisto com meus estudantes de graduação e pós-graduação sobre a importância de empregar termos corretos para falar sobre arquitetura (na verdade, sobre qualquer coisa, mas isto já é outro assunto). É comum empregarem linguagem ambigua para descrever projetos seus e de outros autores e isso não ajuda o diálogo e o entendimento. Pode parecer frescura nos dias de hoje, mas a precisão da linguagem utilizada é fundamental para que possamos nos comunicar.

Recentemente, numa banca de mestrado, surgiu um tema recorrente no meu ateliê de projetos na UFRGS: o emprego equivocado do termo planta baixa para designar todas as plantas de um edifício: planta baixa do segundo pavimento, etc. Faço minhas as palavras do arquiteto Álvaro Puntoni, um dos examinadores naquela ocasião:

"Aponto uma questão semântica que sempre me incomoda, ..., mas ao longo do trabalho encontramos a expressão 'planta baixa' utilizada para se referir a planta. Entendo “planta baixa” como a tradução direta do espanhol planta baja que significa o mesmo que ground floor em inglês, res de chausseé em francês e rés-do-chão em português. Ousaria dizer que planta baja mais que térreo (que bela palavra!) significaria para nós “planta do chão” ou “implantação” (minha preferência). Desta forma tenho observado que se usa de forma corrente a expressão “planta baixa” para designar algo que não é, e, portanto, está equivocada a utilização deste termo. Note-se que em espanhol o pavimento imediatamente superior a planta baja é planta primeira, depois a segunda, terceira, assim por diante. Não existe a planta baja superior, confusão que fazemos aqui no Brasil e que por vezes me deixa constrangido. Sugiro, portanto, simplesmente a substituição de todos os termos “plantas baixas” por “planta”."

Eu não poderia estar mais de acordo.

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