Por Santiago de Molina, publicado em Múltiples estratégias de proyecto, em 13/3/2017.
O grande deserto atravessado pela arquitetura sustentável, metamorfoseada graças ao marketing acadêmico e industrial em atmosférica, e em ecológica de novo, parece não ter fim. O ecológico não terminou, nem parece que o fará proximamente, porque nenhuma dessas sensibilidades necessárias se esgotou, mesmo que essa consciência não haja despertado a forma contemporânea do seu torpor.
O grande deserto atravessado pela arquitetura sustentável, metamorfoseada graças ao marketing acadêmico e industrial em atmosférica, e em ecológica de novo, parece não ter fim. O ecológico não terminou, nem parece que o fará proximamente, porque nenhuma dessas sensibilidades necessárias se esgotou, mesmo que essa consciência não haja despertado a forma contemporânea do seu torpor.
Na realidade, a debilidade ou falta de entusiasmo que
despertaram as teorias “eco” se devem em grande parte a que não representaram
mais do que uma filosofia ou uma moral, no melhor dos casos, desligada da
forma. Ainda hoje não se sabe o que fazer com o “eco”. Contemplamos as placas
solares do mesmo modo em que um simio manuseava uma pedra com a forma de uma
ponta de flecha.
Nem sequer a estética do ecológico conseguiu se impor porque até
o momento só adquiriu um caráter superficial ou meramente ornamental. Placas
solares, moinhos de vento ou paredes “trombe”, apesar de sua evidente utilidade
e a inegável necessidade que os fundamenta, não conseguiram integrar-se à
arquitetura transformando a sua forma de um modo tão profundo como foi o
advento do simples concreto armado para a modernidade.
O discurso do verde, ainda que seja razoável e na realidade o único
moralmente aceitável, não goza da naturalidade necessária que se requer em
arquitetura para que algo chegue a arraigar-se. Como se o “eco” não tivesse
ainda sido aceito como um componente essencial, livre de certo exagero. Neste
sentido a maior acusação que se poderia fazer ao ecológico seria mais sua falta
de naturalidade do que seu alto preço. (Naturalidade que foi em algum momento
suplantada por uma falsa oposição entre a própria natureza e o artificial).
Apesar disso, recuperar essa naturalidade necessária parece um
passo inevitável para poder falar de sustentabilidade em termos diferentes. Uma
naturalidade entendida como capacidade de superação do ornamental e de
integração. Se não for superado o enfrentamento entre o verde e o essencial da
arquitetura e entendê-lo como parte de uma disciplina que pode melhorar o lugar
que toca, essa ansiada naturalidade não será alcançada.
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