“Fico muito nervoso quando ouço ou leio a palavra criatividade ou escuto alguém falar de expressão pessoal. É muito petulante referir-se a coisas que são tão evidentes que parecem adquirir um valor sagrado, mítico na boca de algumas pessoas. Não seria melhor a busca do que é bem feito, da perfeição, do que é adequado?
Aí reside a criatividade autêntica pois sendo cada situação nova por princípio (não há um só projeto idêntico a outro), responder adequadamente a ela é em si mesmo um ato criativo. Mas parece que os que falam de criatividade não buscam solucionar adequadamente as coisas com um mínimo de (falsa?) modéstia, mas antes liberar totalmente sua “expressão pessoal”, sentindo-se poetas (a poesia de arquiteto é quase sempre terrível) e impondo suas obsessões a um cliente ingênuo ou mistificador.
Por isso, os “criativos” (não se aplica também este termo a um tipo de agente publicitário?) nunca são os melhores mas os que mais erram por mudar o estado natural das coisas, por não buscar o acerto por princípio, mas em seu lugar a singularidade (que todo edifício se pareça com o vizinho, diria Adolf Loos). E a singularidade não é boa por si mesma porque é diferente do verdadeiramente “novo”; o novo não se produz quando se quer mas o que é bom sim, se o buscamos.”
Jose Ignacio Linazasoro, Professor da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madri
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Jose Ignacio Linazasoro e Ricardo Sanchez, Casa de Oração dos Três Cultos, Berlin, 2012 |
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